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sexta-feira, 6 de julho de 2007

APRENDER A ENSINAR NÃO É MAIS IMPORTANTE DO QUE APRENDER A APRENDER *

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Francisco Carlos de Mattos**

Já quase adentrando o vigésimo sétimo ano de magistério, conseguimos nos envolver com uma das melhores – senão a melhor!- aulas em todas as modalidades de ensino de que trabalhamos (Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Superior).
Recebemos a visita de alguns alunos dos 1º e 2º segmentos de EJA de uma escola pública do Município de São Pedro da Aldeia e de um professor do curso, que ocupa o cargo de Diretor Adjunto. Tal encontro é o resultado de um trabalho de pesquisa proposto à turma de 6º período, do Curso de Pedagogia, da Faculdade de Educação Silva Serpa, também no município acima citado.
Em suas falas, os alunos foram extremamente felizes na caracterização da escola e do que estavam buscando nela. Nos discursos não se distinguia o sentimento individualista de posse com pronomes tais como “meu”, “minha”, e sim expressões que conotam a conquista coletiva – e também a derrota, caso haja -, norteando-nos para a compreensão da essência do bom e velho socialismo, que “preconiza a propriedade coletiva dos meios de produção e a organização de uma sociedade sem classes”¹.
Os monstros desengonçados de uma escolarização desconjuntada, os delatores de uma prática pedagógica descompromissada com a aprendizagem enquanto fenômeno salutar do processo educativo, um trabalho didático direcionado, o que nos parece incompreensível para a prática da derrota, a repetência e conseqüente evasão escolares são enfrentadas em grupo pelos próprios alunos. Estes, antes mesmo de saberem soletrar ou escrever o vocábulo, já praticavam, vivenciavam a solidariedade, que, inconcebivelmente, demonstra ser inversamente proporcional a “academicização” de uma parcela significativa de indivíduos.
Pedir desculpas aos presentes (muitos professores e diretores do 1º segmento do Ensino Fundamental e o professor da turma) pelas prováveis palavras erradas que, por ventura, viessem a falar, já sustenta a sábia postura do “estamos na escola para aprender, para fazer dela uma ponte para a nossa construção do conhecimento” ou do “ainda não sabemos”.
Nas falas carregadas de emoção, de um puro sentimento de orgulho por estarem fazendo o que sempre gostariam, mas que não tiveram a oportunidade na época devida, na descoberta do quão importante são os atos de ler e escrever enquanto ferramentas para “novas invenções do cotidiano” (CERTEAU, 2003)², com instrumentos para a construção de “astúcias, artimanhas” (op. Cit.) para o enfrentamento de um mundo pós-moderno, descobrimos o nosso próprio analfabetismo profissional, mergulhados na pseudo-sapiência das letras, e afogados em ciências que não nos ajudam a saber calçar as sandálias da humildade.
Foi preciso que mestres do mundo, doutores da vida sofrida adentrassem o espaço acadêmico, invadissem-nos (antes de invadir o espaço físico) as almas e as nossas consciências, para que pudéssemos, hilariantemente, descer dos saltos ou, de forma mais caricatural, nos estatelar no chão, nos desentocar do falso castelo de marfim.
Neste encontro, aprendemos que aprender a ensinar não é mais importante do que aprender a aprender.
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* Texto-relatório produzido em 12/11/2004 pós debate com alunos de EJA, convidados de um grupo de estudo e pesquisa do 6º período do Curso de Pedagogia das Faculdades Silva Serpa.
** Mestre em Educação pela UERJ, professor e Orientador Educacional da Rede Municipal de Ensino de Cabo Frio e docente de Educação e Trabalho, Educação e Movimentos Sociais, Trabalho de Conclusão de Curso e Gestão Educacional do Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação Silva Serpa.
¹.Dicionário Michaelis – CD Uol, suporte ao Dicionários Michaelis Ltda.
². CERTEAU, Michel de. A Invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. [tradução de Ephraim Ferreira Alves].- Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

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