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quarta-feira, 11 de abril de 2007

De alemão, milésimo gol, da fala de Thierry Henry sobre o "futebol-arte" dos jogadores brasileiros, de balas perdidas e da saudade de Darcy Ribeiro so



De alemão, milésimo gol, da fala de Thierry Henry sobre o "futebol-arte" dos jogadores brasileiros, de balas perdidas e da saudade de Darcy Ribeiro sobre a sua indignação quando caracterizaram o povo brasileiro de "chucro e ignorante" ou de "plebe rude e ignara"

Revoltante... nojento, mas, mola propulsora de uma boa reflexão. Assim pode-se caracterizar cada palavra ou expressão-chave que compõe o título-tema desta ponderação, excluindo, evidentemente, as lembranças de Darcy Ribeiro.
O que esperar de uma nação cujos políticos muito falam e pouco fazem e uma expressiva maioria demonstra através de atitudes, antes, durante e depois das respectivas casas legislativas, a intenção de trabalhar em causa própria, para se perpetuarem no poder? Como vislumbrar saídas para a extinção da fábrica de analfabetos totais e políticos, como denunciado por Bertold Brecht, que acabam se transformando no sustentáculo ou ponte, que facilitam o acesso e/ou retorno de canalhas ao poder político, que, através desse, conseguem muito rapidamente alcançar o poder econômico?
É possível encontrar mecanismos de transformação da escola, antes de se pensar e de se ter vontade de, inocentemente, mudar a sociedade? Pode-se pensar? É possível, ainda, aguçar a volição? Quanto tempo deve demorar para se ter resultados efetivos de implantação de outras culturas, de outros hábitos no campo da educação? O que é mais fácil: um elefante passar num buraco de agulha ou as faculdades de formação de professores desenvolverem um currículo que, verdadeiramente, forje a formação de educadores?
A princípio, é necessário que se entenda, principalmente os próprios profissionais que atuam na formação dos futuros educadores, que uma Instituição de Ensino Superior (IES) que têm por fim inserir no mercado os que vão desenvolver esse ofício, não podem e nem devem pensar que estão contribuindo com a formação de, por exemplo, matemáticos (livres pensadores dessa ciência espetacular), como satisfatoriamente faz o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), mas sim, de professores de Matemática, que precisam ter nessa empreitada acadêmica, sólida formação didático-pedagógica, para sustentar o conhecimento específico, que ocupa 75% da maioria das matrizes curriculares das IES brasileiras. Nesses 25% para a formação pedagógica, que tem disciplinas como Didática, Legislação Educacional, Fundamentos da Educação (Filosofia, Psicologia, Sociologia, História da Educação etc.) , o docente tem que se virar em estratégias didático-pedagógicas, para tentar levar o aluno a entender o porque de disciplinas tão "chatas", perdidas numa matriz curricular riquíssima de conhecimentos científicos, fazendo acreditar que se nas salas de aula tivesse pelo menos esse percentual o tema desse artigo poderia ter sido outro. O mesmo acontece em cursos como Letras e Biologia, onde os docentes contribuidores da/na formação de outros, também agem como se estivessem preparando grandes escritores, poetas, enfim, magníficos literatos ou profundos pesquisadores da/na área biológica. No mínimo, vão para as salas de aula, querendo fazer com os seus alunos, o que fizeram com eles.
Sem essa formação, os encontros didáticos se transformam em verdadeiros massacres, as salas de aula em arenas ou, para amenizar o impacto desse cenário, numa tremenda torre de babel, onde o que se fala, não se entende. Aulas chatas com professores estressados e com pré-adolescentes e adolescentes sem limites e com TPM (Tensão Pré-Maturidade ou Tentando Pirar o Mestre), transformam-se no real panorama do inferno.
Tudo isso é um prato feito para o surgimento e as inserções de programas, falas e pensamentos e as incúrias de governantes com a ausência de políticas públicas. Assim, péssima formação acadêmica de professores, que já chegam na escola estressados, aulas chatas e alunos desmotivados e sem limites, abrem as portas do “confessionário” para os Big Brothers da vida apresentando os “heróis” criados por Pedro Bial. Alemão é a sensação do momento, assim como o milésimo gol de Romário. Só esses dois, e não se vai listar tantos, já conseguem fazer o povo esquecer das barbáries cotidianas, das crueldades com crianças, como a feita com o inocente João Hélio aqui no RJ, arrastado por cerca de sete quilômetros pela Zona Norte do Rio, preso ao cinto de segurança do carro de sua mãe ou com Guilherme de Oliveira Frezze, atingido com tiro na nuca em tentativa de assalto no Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul ou, ainda, Alanda Ezequiel, de 13 anos, baleada e morta em Vila Isabel na troca de tiros entre polícia e bandidos e, em São Paulo, Priscila Aprígio, também de 13 anos, que ficou paraplégica, sem falar nos adultos que, infelizmente, têm os mesmos destinos. Depois disso tudo, não se tem como ficar tão revoltado assim, quando da declaração de Thierry Henry, jogador da seleção francesa de futebol, mais novo carrasco da nossa, quando do ajeitar os ralos cabelos ou a sobrancelha ou aquela sutil ajeitadinha na cueca, que cismava em entrar onde não devia de Roberto Carlos, fez o gol da vitória, que desclassificou o Brasil, afirmando que

Brasileiros jogam bem porque não estudam!
O atacante francês Thierry Henry ironizou, nesta quinta-feira, a aptidão dos brasileiros com a bola nos pés. Ele disse que precisava estudar quando era criança e não tinha o mesmo tempo para jogar o futebol que têm os garotos brasileiros. "É difícil definir os jogadores do Brasil, pois eles já nascem com a bola nos pés. Por outro lado, quando eu era criança, precisava estudar das 7h às 17h. Pedia ao meu pai para jogar bola, e ele dizia que antes vinham os estudos. Já eles (brasileiros) jogam futebol das 8h às 18h".

Não estudam e jogam bola. São, mais ou menos, dez horas por dia de futebol. Esste é um esporte que, supostamente, dá prazer e, além disso, está no imaginário da população fazer a conexão entre a sua prática e muito dinheiro. E quem não se desenvolve para o futebol, queda-se para o mundo do samba. São duas atividades, que, literalmente, dependem de destrezas, habilidades motoras (na linguagem popular, jogo de cintura), mas que, dificilmente, segundo Certeau (1994), conseguem levar o homem ordinário a criar astúcias,
ou seja, recriar no cotidiano práticas de vida, seus desejos e sonhos, e mesmo assim, como já discutido ao longo desse artigo, não o leva a se desvencilhar e se livrar das balas perdidas.
Enfim, acredita-se de extrema importância, resgatar o pensamento e a angústia do saudoso professor Darcy Ribeiro, quando imputavam aos brasileiros adjetivações de povo chucro e ignorante ou plebe rude e ignara. Como grande e estudioso antropólogo, demonstrava cientificamente, que tal maldade não passava de simples relativismo cultural. A cultura de cada povo tem as suas riquezas e para ele não existe outra mais rica. A riqueza cultural de um povo só pode ser avaliada pelo próprio povo.
Não se pode deixar cair na folia e na euforia futebolística em se pensar, que, realmente, o povo precisa é mesmo de futebol e carnaval. O época histórica do pão e circo já acabou, mas, vez ou outra, tenta retornar e dá a impressão de que conseguiu. O que se precisa mesmo, é do resgate da alegria, da sensação de bem estar na e para a sala de aula, se é que um dia ela já tenha passeado por lá, até porque, só se pode resgatar aquilo que já tenha existido. Do contrário, ninguém resistirá o tédio e o clima de velório em nossas escolas. Muitas já estão assim.
Referência Bibliográfica

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1 arte de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.


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