¹. Texto publicado em outro momento e outro blog com a anuência daquela que se fez personagem central desses breves e humildes escritos.
Francisco Carlos de Mattos
Francisco Carlos de Mattos
Ela não nos enganou. Logo no início da oficina sobre sexualidade e diversidade, último encontro dos quatro que compunham o curso sobre "Escola sem homofobia: construindo para a diversidade", alguma propriedade nos chamou a atenção para aquela moça, mais balzaquiana que gatinha no tocante à idade cronológica, mas, com certeza, uma gatíssima balzaquiana no que se refere às belezas da matéria e do espírito. A primeira transparência no telão projetada pelo datashow nos dava conta do tema e de quem estava ali na frente e o que fazia: SEXUALIDADE E DIVERSIDADE - Jaqueline Rocha Côrtes - Consultora de projetos em HIV/Aids - Assessora técnica - COOPEX.
_Alguma coisa de diferente naquela moça loira, que parece ser a palestrante. - Cochichou-me Jamelzinha.
_Será o Benedito, Jamel? Você não nega a sua origem mineira, hein menina! Mas, não é que percebi a mesma coisa!
No início da atividade ela nos pareceu preocupada em pontuar as regras do jogo, para uma convivência pacífica para aquelas 4 horas que iríamos passar juntos.
Propôs uma primeira dinâmica de apresentações e a iniciou, expondo, mais ou menos, o que continha na transparência, que ainda permanecia no telão.
Aos poucos foi demonstrando extrema segurança no que dizia, levando-nos à desconstrução de alguns (pre)conceitos concernentes ao grande tema tabu na sociedade brasileira. E assim, íamos entendendo um pouco mais sobre sexo gonadal, social, erótico/afetivo, psicológico, genital e genético e percebendo que as pessoas não têm opção sexual, até porque ninguém optaria naturalmente por uma expressão da sexualidade tão discriminada, mas sim orientação/inclinação sexual. Dessa forma, construíamos conceitos política e socialmente corretos como heterossexual, homossexual e bissexual.
A cada fala com sentido, máscaras sem sentidos iam desmoronando e, já nos acostumando com aquela presença simpática, inteligente e, agora, mais descontraída, as considerações finais estavam sendo tecidas com a avaliação do encontro por cada participante.
No final, ela toma a palavra para se "reapresentar" e com todo o orgulho do mundo, diz ser uma transexual, já com resignação de sexo, identidade feminina reconhecida, muito bem casada, feliz e convivendo com a Aids há 4 anos.
Tremenda guerreira em todos os sentidos, que se encaixa nas palavras que me vieram à memória, construídas enquanto respostas para as que ela apresentou como provocação em determinado momento dessa tarde. Para SEXO, escrevi excelência e vida; para a expressão SER DIFERENTE, arrisquei a frase sou o que sou não o que os outros querem que eu seja e coragem; e, finalmente, para AIDS, expressei impacto, consciência e vida.
Rasgou-nos as entranhas do preconceito e se constituiu em JAQUELINE, A DOCE ESTRIPADORA.
É, ela, com certeza, não nos enganou... e obrigado por isso, Jaqueline!
_Alguma coisa de diferente naquela moça loira, que parece ser a palestrante. - Cochichou-me Jamelzinha.
_Será o Benedito, Jamel? Você não nega a sua origem mineira, hein menina! Mas, não é que percebi a mesma coisa!
No início da atividade ela nos pareceu preocupada em pontuar as regras do jogo, para uma convivência pacífica para aquelas 4 horas que iríamos passar juntos.
Propôs uma primeira dinâmica de apresentações e a iniciou, expondo, mais ou menos, o que continha na transparência, que ainda permanecia no telão.
Aos poucos foi demonstrando extrema segurança no que dizia, levando-nos à desconstrução de alguns (pre)conceitos concernentes ao grande tema tabu na sociedade brasileira. E assim, íamos entendendo um pouco mais sobre sexo gonadal, social, erótico/afetivo, psicológico, genital e genético e percebendo que as pessoas não têm opção sexual, até porque ninguém optaria naturalmente por uma expressão da sexualidade tão discriminada, mas sim orientação/inclinação sexual. Dessa forma, construíamos conceitos política e socialmente corretos como heterossexual, homossexual e bissexual.
A cada fala com sentido, máscaras sem sentidos iam desmoronando e, já nos acostumando com aquela presença simpática, inteligente e, agora, mais descontraída, as considerações finais estavam sendo tecidas com a avaliação do encontro por cada participante.
No final, ela toma a palavra para se "reapresentar" e com todo o orgulho do mundo, diz ser uma transexual, já com resignação de sexo, identidade feminina reconhecida, muito bem casada, feliz e convivendo com a Aids há 4 anos.
Tremenda guerreira em todos os sentidos, que se encaixa nas palavras que me vieram à memória, construídas enquanto respostas para as que ela apresentou como provocação em determinado momento dessa tarde. Para SEXO, escrevi excelência e vida; para a expressão SER DIFERENTE, arrisquei a frase sou o que sou não o que os outros querem que eu seja e coragem; e, finalmente, para AIDS, expressei impacto, consciência e vida.
Rasgou-nos as entranhas do preconceito e se constituiu em JAQUELINE, A DOCE ESTRIPADORA.
É, ela, com certeza, não nos enganou... e obrigado por isso, Jaqueline!